A Dipirona, remédio popular no Brasil para tratar dores no corpo e febre, é investigada na Europa pelo risco de agranulocitose, que trata-se da diminuição dos glóbulos brancos o que pode provocar infecções graves e até fatais. O comunicado foi feito pela "European Medicines Agency" (Agência de Medicamentos da Europa), na sexta-feira (14 de junho).
O risco deste efeito colateral já é alertado na bula do remédio, a base de metamizol. Porém, segundo a AME, a agência está preocupada que as medidas em vigor não sejam suficientes para evitar os casos, que ainda são considerados raros:
"A informação dos vários medicamentos que contêm metamizol lista atualmente a agranulocitose como um efeito secundário raro (que ocorre em até 1 em 1.000 pessoas) ou como um efeito secundário muito raro (que ocorre em até 1 em 10.000 pessoas). As medidas em vigor para minimizar este risco variam entre os países", diz o comunicado.
A investigação foi aberta após um pedido da Finlândia, que chegou a retirar o remédio do mercado após crescentes notificações de casos de agranulocitose com metamizol no país.
O comitê de segurança da Europa agora vai avaliar o impacto do medicamento na relação benefício-risco e, após a investigação, emitirá um comunicado dizendo se recomenda manter, alterar ou até suspender o uso do remédio no continente.
O medicamento
A dipirona é consumida na União Europeia desde a década de 1920 e pode ser usada por via oral, supositório ou injeção. O uso do medicamento é autorizado sem restrição no Brasil e em vários países da Europa como: Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, República Checa, Alemanha, Hungria, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia e Espanha.
Já em mais de 30 países, como o Japão, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos a venda do remédio é proibida, justamente por causa de estudos que apontam a queda dos glóbulos brancos.
Popular no Brasil
Segundo o Anuário Estatístico do Mercado Farmacêutico, divulgado no 2º semestre de 2023, o remédio foi o quarto mais vendido no Brasil em 2022. Já a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), estima que 93,5 milhões de doses foram vendidas no país no início de 2023.
Em 2001, a Anvisa fez um evento com a participação de cientistas de todo mundo e concluiu que o remédio é eficaz como antitérmico e analgésico, e que os riscos para os brasileiros eram iguais ou menores com os de de outros remédios a venda no mercado.
“A dipirona, como qualquer outro medicamento, não é isenta de riscos relacionados ao seu uso, entretanto, seu perfil de segurança é bem estabelecido e o benefício do uso conforme as condições aprovadas em bula superam os riscos conhecidos relacionados ao uso”, disse na época.
O último estudo mais recente no país sobre o medicamento foi em 2008, quando foram analisados os casos de agranulocitose no Brasil, Argentina e México. Das 548 milhões de pessoas que participaram da pesquisa, 52 tiveram a doença, o que equivale a 0,38 casos por milhão, taxa considerada muito baixa. (Com informações NEXO Jornal e O Tempo)