A Igreja nos pede que ajudemos a divulgar
a palavra do Papa. E nós, cientes e conscientes de nossa missão de batizados
não temos como negar. Selecionamos algumas exortações especiais, proferidas
pelo Papa Leão XIV na Vigília de Pentecostes, que tivemos conhecimento através
de Edoardo Giribaldi da Vatican News e que compartilhamos com nosso leitor:
1- “O
Espírito do Senhor está sobre mim”, a invocação do trecho litúrgico tirado do Evangelho
de Lucas é retomada pelo Papa, para que o próprio Espírito “visite as nossas
almas, multiplique as línguas, ilumine a nossa mente, infunda o amor, fortaleça
os corpos, dê a paz, abrimo-nos ao Reino de Deus”. Essa é a conversão
segundo o Evangelho: voltarmo-nos para o Reino que já está próximo.
2- “Ele
me enviou para levar aos pobres a boa nova, para proclamar aos prisioneiros a
libertação e aos cegos a visão” – continua o trecho litúrgico. É um testemunho
vivo, segundo Leão XIV, de uma realidade em constante mudança, “porque Deus reina, porque Deus está perto”.
A Vigília de Pentecostes torna-se assim um profundo envolvimento na proximidade
divina, graças ao Espírito “que une
nossas histórias com a de Jesus”. Estamos envolvidos nas coisas novas
que Deus faz, para que a sua vontade de vida se realize e prevaleça sobre os
desejos de morte.
3- “Porque
me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a
libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em
liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor”, cita
o Papa. Palavras nas quais ele reconhece “o perfume do Crisma”, com o qual cada
batizado e crismado foi marcado, unido “à missão transformadora de Jesus”. Assim
como o amor torna familiar o perfume de uma pessoa querida, reconhecemos, nesta
noite, o perfume de Cristo uns nos outros. É um mistério que nos maravilha e
nos faz pensar. Viver juntos, desafiando todos os dias as divisões “diante
dos nossos olhos”. Ele apela mais uma vez a uma “harmoniosa sintonia” recíproca
no caminho da história, “tensa entre o já e o ainda
não”.
4- Relembra
o episódio de Pentecostes: “Maria, os Apóstolos, as discípulas e os discípulos
que estavam com eles”, investidos por um “Espírito de unidade”, capaz de reunir
“para sempre no único Senhor” a singularidade de cada um. Não muitas
missões, mas uma única missão. Não introvertidos e conflituosos, mas
extrovertidos e luminosos.
5- Outra
memória, remete o Papa à noite da sua eleição: “olhando com emoção para o povo
de Deus aqui reunido, lembrei da palavra 'sinodalidade'”. Nela ressoa
"o syn – o 'com' – que constitui o segredo da vida de
Deus". Deus não é solidão. Deus é em si mesmo “com” – Pai, Filho e
Espírito Santo – e é Deus conosco. A sinodalidade é também um caminho
– odós – a percorrer. Porque “onde está o Espírito, há
movimento, há caminho. Somos um povo em caminho". Essa consciência não
nos afasta, mas faz-nos mergulhar na humanidade, como o fermento, que leveda
toda a massa. O ano da graça do Senhor, do qual o Jubileu é expressão, traz em
si este fermento.
6- No
contexto de um mundo “dilacerado e sem paz”, o Pentecostes e seu apelo a
“caminhar juntos” assumem força profética. Leão XIV vislumbra isso em uma
“terra” que “descansará”; em uma “justiça” que “se afirmará”; na alegria dos
pobres. Se não nos movermos mais como predadores, mas como peregrinos, a
terra descansará, a justiça prevalecerá, os pobres se alegrarão e a paz
voltará. Não mais cada um por si, mas harmonizando os nossos passos com os
passos dos outros. Não consumindo o mundo com voracidade, mas cultivando e
cuidando dele, como nos ensina a Encíclica Laudato si'.
7- “Deus
criou o mundo para que pudéssemos estar juntos”, afirma o Pontífice. E essa
“consciência”, no âmbito eclesial, leva justamente o nome de “sinodalidade”. Um
caminho que levanta questões, convida cada um a “reconhecer a sua dívida”,
assim como “o seu tesouro”, sentindo-se parte “de um todo”, fora do qual “tudo
murcha, mesmo o mais original dos carismas”.
Reparem:
toda a criação existe somente na modalidade do estar juntos, às vezes com
perigos, mas sempre um estar juntos (cf. Laudato si’, 16; 117). E o que
chamamos de “história” toma forma somente na modalidade do reunir-se, do viver
juntos, muitas vezes cheio de dissídios, mas sempre um viver juntos. O
contrário é mortal, mas, infelizmente, está diante dos nossos olhos, todos os
dias.
8- As
associações e comunidades representam, na visão do Papa, “ginásios de
fraternidade e participação”, locais “de encontro” e de “espiritualidade”.
Estar juntos, portanto, para descobrir como “o mundo” e “os corações” mudam
através do “Espírito de Jesus”. Para praticar essa “dimensão contemplativa” que
“rejeita a autoafirmação, a murmuração, o espírito de contenda, o domínio das consciências
e dos recursos”. O Senhor é o Espírito e onde está o Espírito do Senhor, aí
está a liberdade. Portanto, a autêntica espiritualidade implica o compromisso
com o desenvolvimento humano integral, atualizando entre nós a palavra de
Jesus. Onde isso acontece, há alegria. Alegria e esperança.
9- Levar
esta mensagem é evangelizar: não uma “conquista humana do mundo”, mas sim, diz
Leão XIV, “a graça infinita que se difunde a partir de vidas transformadas pelo
Reino de Deus”. É o caminho das Bem-aventuranças, uma estrada que
percorremos juntos, na tensão entre “já” e o “ainda não”, famintos e sedentos
de justiça, pobres de espírito, misericordiosos, mansos, puros de coração,
construtores da paz. Um caminho já traçado, que não contempla “apoiadores
poderosos, compromissos mundanos, estratégias emocionais”. A evangelização é
obra de Deus e, se por vezes passa através de nós, é pelos laços que ela torna
possíveis.
10- O
pensamento final do Pontífice volta-se novamente para as Igrejas particulares,
para as comunidades paroquiais. Ele convida cada um a ligar-se “profundamente”
a elas, para alimentar e exercer os próprios “carismas”. Em torno dos bispos
de vocês e em sinergia com todos os outros membros do Corpo de Cristo,
agiremos, então, em harmoniosa sintonia. Se juntos obedecermos ao Espírito
Santo, os desafios que a humanidade enfrenta serão menos assustadores, o futuro
menos sombrio e o discernimento menos difícil! Que Maria, Rainha dos Apóstolos
e Mãe da Igreja, interceda por nós.